No vídeo de intenção de oração para este mês, Francisco pede que rezemos pelas mulheres que sofrem diversas formas de maus-tratos. O forte apelo do Pontífice é contra os diferentes tipos de violência que têm gerado um “número impressionante” de mulheres “espancadas, ofendidas e violadas”. Diante desse tipo de “covardia e degradação para toda a humanidade”, Francisco pede que elas sejam protegidas pela sociedade e que os sofrimentos das vítimas, através do “grito de socorro”, sejam escutados.

“Hoje, ainda existem mulheres que sofrem violência. Violência psicológica, violência verbal, violência física, violência sexual. O número de mulheres espancadas, ofendidas e violadas é impressionante. As diversas formas de maus-tratos que muitas mulheres sofrem são uma covardia e uma degradação para toda a humanidade. Para os homens e para toda humanidade. Os testemunhos das vítimas que se atrevem a quebrar o silêncio são um grito de socorro que não podemos ignorar. Não podemos olhar para o outro lado. Rezemos pelas mulheres que são vítimas de violência, para que sejam protegidas pela sociedade e o seu sofrimento seja considerado e escutado por todos.”

Esse é o forte apelo feito por Francisco no “O Vídeo do Papa”, de fevereiro, divulgado nesta segunda-feira (01) com a intenção de oração que Francisco confia a toda Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. É uma mensagem forte contra a violência que milhões de mulheres sofrem diariamente numa realidade que Francisco descreve como de “covardia e degradação para toda a humanidade”.

Violência contra mulheres em números

De fato, as estatísticas coletadas pela ONU Mulheres, atualizadas em novembro de 2020, são chocantes: todos os dias, 137 mulheres no mundo são mortas por membros de suas próprias famílias; as mulheres adultas representam quase metade das vítimas de tráfico de pessoas; globalmente, 1 em cada 3 mulheres já sofreu violência física ou sexual (e 15 milhões de meninas adolescentes, de 15 a 19 anos, sofreram estupro em todo o mundo). No ano passado, além disso, com o agravamento da pandemia, provocando restrição de movimento, isolamento social e insegurança econômica, também aumentou a vulnerabilidade das mulheres à violência na esfera privada.

Na mensagem para este mês de fevereiro, o Papa pede pela proteção dessas vítimas nas sociedades. E, embora pelo menos 155 países tenham aprovado leis sobre violência doméstica e 140 tenham legislação sobre assédio sexual no local de trabalho, para dar dois exemplos, isso não significa que sempre cumpram as normas e recomendações internacionais ou que elas sejam aplicadas.

Não olhar para o outro lado

O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, disse que “o apelo do Santo Padre é muito claro: ‘Não podemos olhar para o outro lado.’ Em outras palavras, não podemos ficar de braços cruzados diante de tantos casos de violência contra as mulheres, que se manifestam de múltiplas formas, das mais visíveis e indizíveis às mais insidiosas e inconscientes. A violência contra as mulheres em todas as suas formas é um grito aos céus. Francisco disse várias vezes: ‘Toda violência infligida às mulheres é uma profanação de Deus, nascido de uma mulher. A salvação para a humanidade veio do corpo de uma mulher: pela maneira como tratamos o corpo de uma mulher, compreendemos nosso nível de humanidade’”. O diretor, então, reforçou o convite do Papa:

“Rezemos juntos por todas as mulheres vítimas de violência, inclusive meninas e adolescentes, e lutemos por uma sociedade mais justa, para que as proteja, ouça e alivie seu sofrimento.”

Fotos: Vatican Media

Texto: Vatican News