Reflexão do Evangelho – Lucas 10, 25-37

Estamos sempre acompanhando a ‘caminhada’ de Jesus em direção à sua ‘assunção’ (10,38). O Mestre e Guia, com a sua determinação, nos indica o ‘Caminho’. De forma proverbial já nos ditou os sentimentos (9,57-62); em relação ao Reino nos alertou à coerência e ao testemunho (10,1-12); sob inspiração do Espírito, nos desvendou o privilégio em conhecer os mistérios do Reino, que é o Filho com o Espírito (10,21-24), e a realidade gloriosa que nos espera. A conquista definitiva do Reino é dada àqueles que amam a Deus de todo coração e o manifestam no amor ao próximo (10,27). O nosso ser, na totalidade, está envolvido. O coração é a parte pelo todo, enquanto é considerado a sede das convicções do homem (Gn 8,21). É por isso que quando é puro vê a Deus. Contudo, a vida de Deus em nós se concretiza quando há uma ação que a explicita. Para 1Jo 4 é a caridade. Para Lucas é a misericórdia, porque Deus é misericordioso [Lc 1,79; 6,36: não julga, não condena; perdoa (10,37)]. Jesus é o profeta (4,18) enviado para curar pela evangelização (6,18); enfaixa as feridas dos corações abatidos (Lc 5,20). Tem um coração puro (Mt 5,8) que lhe permite ver a Deus. Aproxima-se do homem possuído pelo espírito impuro e o cura, acolhe a pecadora que lhe unge os pés (7,38) e lhe perdoa os pecados, como já fez com o paralítico (5,17-26).

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).