Reflexão do Evangelho – Lucas 11, 1-13

 “Pai nosso”

Aos discípulos que pedem que Jesus lhes ensine a rezar, Jesus resume tudo numa só palavra: “Pai”. Está falando a Pessoa divina do Filho, na condição de quem levou a humanidade assumida pela encarnação ao máximo da sua glorificação pela imolação (Hb 2), a ponto do Pai chamá-lo para se assentar à sua direita: “Tu és meu filho eu hoje te gerei” (Sl 2,7; Hb 1,5). Os seus discípulos agradarão plenamente a Deus se o seguirem carregando a cruz de cada dia. Tornar-se-ão, então, filhos do Pai ao qual Jesus subiu após a sua ressurreição.

Ao desenvolver o tema anunciado com o termo “Pai”, Jesus recorda exatamente que os discípulos honrarão a Deus enquanto viverem a sua santificação. O sentido de: “Santificado seja o teu Nome”, está em Jo 17,19: “Por eles me santifico para que sejam santificados na Verdade”. Para permanecer na Verdade, temos que promover a Vida que Deus nos dá, potenciando os dons do Espírito, a partir da condição de entendimento, pela qual aprofundamos a compreensão da Revelação (Jo 8,31-32. Cf. Mt 6,9-13).

O Reino é, então, promovido em nós pela vitória sobre o mundo que se manifesta nas concupiscências da carne, cupidez do ouro, ambição desmedida (1Jo 2,16). Reinamos, enquanto vivemos segundo a verdade e detestamos o erro, andamos na luz e não nas trevas, vivemos a purificação dos pecados, para não sermos do diabo, “Pecador desde o princípio” (1Jo 3,8). Firma-se em nós pelos sofrimentos que nos tornam capazes de completar o que falta à Paixão de Cristo, em prol da Igreja. Sinais disso são a alegria e a esperança que não esmorecem. O testemunho do qual nos tornamos capazes é garantia da herança da Glória reservada aos santos, porque Jesus nos reconhecerá diante do seu Pai.

Na segunda parte do ‘Pai Nosso’, temos três pedidos fundamentais: 1º) O desejo de sempre nos nutrirmos por tudo aquilo que de justificação nos é concedido pela Eucaristia, enquanto memorial da Morte do Senhor, instituído na Última Ceia, e explicitado em todo o seu valor por Jo 6; 2º) A disposição em viver a misericórdia de Deus, não julgando, não condenando, mas perdoando (Lc 6,36s), sabendo quanto nos é perdoado por Deus (Mt 18); 3º) A perseverança nas tribulações, até elas se transformarem em condição de alegria plena, para nos assemelharmos, no testemunho, a Cristo Jesus que veio ao mundo para dar testemunho da Verdade e, dessa forma, alcançarmos a salvação.

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).