À Jovem Virgem Maria se aplica uma palavra referida à sabedoria: “Sou a mãe do belo Amor e do Temor, do Conhecimento e da santa Esperança” (Eclo 24, 24). Em Maria, a jovem, encontra-se a realização da fé, da esperança e da caridade! Uma jovem chamada Maria (Cf. Lc 1, 26-17) deu a resposta mais decisiva de que é capaz um ser humano diante do plano de Deus. Ele sabe olhar para a pequenez que se torna grandeza daquela servidora. A oblação de sua liberdade (Lc 1, 38) expressa a maturidade mais elevada a que se pode chegar.

         Acreditar! Cedo ou tarde as pessoas haverão de fazer escolhas cujas consequências determinam o rumo da própria existência. Trata-se de um ato de confiança, com o qual se aposta a vida em quem é reconhecido maior do que a pessoa que responde. É o risco a ser assumido na vida de qualquer pessoa humana, ainda que esta se decida a acreditar apenas em si mesma. Pode-se arriscar num projeto de vida chamado profissão, o que é pouco para as dimensões da obra de Deus que somos nós. Alguém irá atrás de uma ideologia, esta carregada do germe da destruição interior que se seguirá, mais cedo ou mais tarde. Outros acreditarão no dinheiro, no poder ou no prazer, com as trágicas consequências testemunhadas na história da humanidade. Pode ainda acontecer a idolatria, com a qual coisas ou pessoas são confundidas com Deus. Ídolos caem sempre e se desmoronam!

      Por outro lado, a experiência da fé é fonte de felicidade, pois liberta a pessoa de olhar apenas num espelho que é o próprio eu, abrindo horizontes antes impensáveis. A fé não limita, mas escancara portas para a vida humana, concedendo-lhe condições para enxergar com profundidade os acontecimentos. Não significa a busca de fatos extraordinários, curas miraculosas, fenômenos assustadores, mas a descoberta do sentido profundo da vida, expresso num projeto que vem de Deus!

      “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45). Olhamos para a Virgem Jovem Maria para aprender dela a arte da fé. Com ela nós acreditamos, nela somos conduzidos a Jesus, o único Salvador. A nossa fé quer ser parecida com aquela que Maria professou, tanto que a consideramos Mãe da nossa própria fé. Dentro de poucos dias, nossa cidade de Belém se transformará num mar de gente, pessoas de todas as idades e situações sociais, conduzidos todos pelas mãos da jovem Virgem de Nazaré, olhando para frente e para o alto, para o encontro com Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

      Tudo começou quando a jovem recebeu a visita de um emissário de Deus. É que existe um plano de felicidade que provoca a nossa liberdade, expresso pela figura do Anjo que lhe aparece. Deve entregar sua vida a uma proposta que supera em muito sua pequenez e fragilidade! De fato, deve-se “dar crédito” à voz interior, instrumento que Deus usa para nos tocar. Ainda que não tenhamos aparições extraordinárias, forte e eloquente é a voz que nos chama à adesão ao projeto de Deus. Pode acontecer também que muitas pessoas tenham sido instrumentos da graça de Deus para nos chamar. Responde-se ao dom que vem do alto mesmo sem entender tudo. A fé se arrisca, deixando à liberdade do próprio Deus as eventuais explicações, a serem dadas no correr da vida, mas o ato inicial é um verdadeiro salto no escuro, garantido apenas pela qualidade daquele que chama!

      A resposta dada a Deus compromete a pessoa com o plano que ele estabelece. Quem professa a fé sai de si mesmo, como fez a Jovem Virgem Maria, partindo para um verdadeiro estágio de serviço e presença junto de sua prima Isabel. A fé abre portas e janelas, faz a pessoa se colocar a caminho, liberta-a de interesses egoístas, para enxergar o mundo através de outros apelos. E em casa de Isabel, Maria ouve a proclamação de sua felicidade. Antes era um Anjo que lhe anunciava o plano de Deus, agora é a voz delicada e profética de uma pessoa humana, como acontece também em nossa vida. A aventura da fé se abre aos muitos apelos feitos por Deus através das pessoas. Do magnífico diálogo entre as duas futuras mães brota a certeza do amor que hoje devotamos à Jovem Virgem Maria: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas” (Lc 1, 46-49)

      Outros episódios contribuíram para o amadurecimento da fé na Jovem Virgem Maria. Tendo dado sua resposta a Deus, logo o fruto aparece e nasce o Menino Deus, luz para todas as nações! Mãe feliz, missão que se abre para uma vida. Logo depois, após anúncios de um Anjo e de uma prima, agora é o velho Simeão a anunciar profeticamente o mistério da dor, ali chamada de espada a traspassar o coração (Lc 2, 22-40). Faz ainda parte de sua vida a fuga para o Egito, buscando garantir e salvar a qualquer custo o que pertence a Deus, seu Filho amado. Em seguida, a prova da fé conduz a Jovem Virgem Maria ao cotidiano de Nazaré, rotina da vida em família, onde o extraordinário é justamente o correr dos dias vividos com intensidade, no trabalho, no relacionamento com os outros, no afeto experimentado no lar. Mais tarde, é o Jesus adolescente que lhe provoca um novo passo, quando Maria “aprendeu a perder”. E não é difícil identificar na vida de todas as pessoas de fé fatos semelhantes. Se Maria passa na frente, oferecendo-nos os exemplos, também para nós os passos são os mesmos, e são caminho de felicidade.

      Em Caná, a Jovem Virgem Mãe Maria se revela discípula de seu próprio Filho, fazendo acontecer a hora de Deus: “Sua mãe disse aos que estavam servindo: Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2, 5). Trata-se de uma receita de milagre, disponível para todos os homens e mulheres de fé! Viver a Palavra de Deus desencadeia sempre uma transformação do pior para o melhor, para que o vinho novo do Reino de Deus seja oferecido em abundância. A felicidade de quem acredita se faz concreta no dia a dia da fidelidade!

      A prova final da fé aconteceu, na vida da Jovem Virgem Mãe Maria no alto do Calvário, quando disse seu segundo e definitivo sim! A felicidade do acreditar passa pela desolação! Não há desculpas para quem aposta tudo em Deus! Abriu-se assim a porta do Cenáculo, onde alguns dias depois a Mãe da Fé será o coração da Igreja reunida, preparada para o dom do Espírito Santo prometido. Dali para frente e até a volta do Senhor, homens e mulheres de fé continuarão a testemunhar a alegria da fé, nossa honra e dignidade!