71 anos da coroação pontifícia da imagem de Nossa Senhora de Nazaré
Homenagem do Vaticano com a coroação pontifícia marcou o VI Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém
Neste dia 15 de agosto, recordamos os 71 anos da coroação pontifícia da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a 4ª imagem mariana coroada por um Papa, no Brasil. A Coroação Pontifícia é o reconhecimento que o Papa faz de uma devoção mariana, ligada a uma imagem, venerada em uma região. Por meio deste ato, aquele título mariano e a sua devoção são expandidos para todo o mundo católico. O ato é realizado pelo próprio Pontífice ou por um Bispo delegado por ele, que faz todos os atos em nome e com a autoridade do Papa.
A coroação canônica da Virgem de Nazaré foi realizada em 1953, como um dos pontos de maior destaque durante a programação do VI Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém do Pará, na presença de uma numerosa multidão que lotava a Praça do Congresso, que hoje é chamada de Praça Waldemar Henrique. Na manhã daquele mesmo dia, o Papa Pio XII enviou uma mensagem de rádio, em português, saudando os congressistas e exaltando a Eucaristia; não poderia faltar a demonstração de amor do povo de Belém e do Brasil à Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Desde que foi entronizada no Glória, há mais de 100 anos que a pequena imagem encontrada por Plácido não saía da Basílica. Ela foi levada no colo pelo saudoso Padre Afonso Maria Di Giorgio e acompanhada pelo Padre Provincial dos Barnabitas, Pe. Paulino Maria Bressan, em um carro particular, até a praça. Na chegada, o Arcebispo Dom Mário de Miranda Vilas-Boas levou a imagem até o altar, sob os aplausos e vivas da multidão, onde foi celebrada a missa, com toda a solenidade de Coroação Pontifícia e Canônica realizada pelo Cardeal Legado, em nome do Papa Pio XII.
Após a cerimônia, o coral entoou o hino especialmente composto para a Coroação, de autoria do poeta brasileiro E. Vilhena de Morais e musicado por D. Plácido de Oliveira O.B.
Hino Oficial da Coroação Pontifícia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro
No Pará essa voz já ressoa
Qual se fora ele todo um altar,
A fulgir uma bela coroa
Vem da Virgem na fronte pousar.
Mil Favores, mil bênçãos, em prece
Fervorosa Amazônia, hoje, inteira,
Prostrada a seus pés, lhe agradece
E Rainha a proclama Padroeira.
Em Belém, deste à luz o Menino
Que nos veio remir do pecado,
No Calvário, Cordeiro divino,
Terna Mãe, padeceste a seu lado.
Coroado de espinhos teu Filho
Foi por nós cravejado na Cruz,
Hoje, desta coroa no brilho,
Resplandece contigo Jesus.
Sete espadas cruéis, sete dores
Transpassaram teu peito, Senhora,
Pois em paga te cobrem de flores
Corações amorosos agora.
Nazaré, ó casinha sem par,
Que um Deus viste escondido na terra,
Como agora se encontra no altar,
Onde em véus num sacrário se encerra.
Nazaré, Nazaré, Nazaré,
Doce nome que à nossa lembrança
Traz Jesus e Maria e José
Luz na vida e na morte esperança
Branca Rosa, puríssimo lírio
Oh! Senhora de Nazaré,
Faze arder sempre mais, como círio
Nosso amor filial, nossa fé, nossa fé.
Estribilho
Rio-mar, que rugindo levantas
O teu brado em tremendo escarcéu,
Um louvor hoje, à Santa das Santas
De ti, suba, cantando até o céu.
Após o hino da coroação, a multidão começou a entoar o hino de Nossa Senhora de Nazaré. De melodia fácil, homens e mulheres cantaram “Vois Sois o Lírio Mimoso”. O Cardeal Legado, carregando a pequena imagem de Nossa Senhora, foi levado para o carro e empurrado pela grande multidão. Os bombeiros municipais acompanharam, em uniforme de gala. O percurso de retorno à Basílica foi longo e difícil, devido aos milhares de fiéis que queriam ver mais de perto a Padroeira dos paraenses.
Chegando à Basílica pelas mãos do Arcebispo Metropolitano junto com bispos e sacerdotes, a imagem foi exposta no altar-mor para veneração de seus numerosos devotos, onde ficou durante vários dias.
A coroa é composta por uma delicada tiara e um lindo resplendor de hastes, tudo em ouro, e ornadas em pedras preciosas que foram dádivas das famílias paraenses e da colônia de paraenses que moravam no Rio de Janeiro. Por meio de uma campanha de Pe. Afonso, as famílias doaram anéis, colares, alianças de casamento e outros itens de ouro para que pudessem ser derretidos e feita a nova peça. O manto é de seda branca com obra artística de filigrana (técnica de ourivesaria que consiste na aplicação de fios de ouro entrelaçados e soldados delicadamente), ambos adereços foram confeccionados no Rio de Janeiro.
Fonte: Revista Voz de Nossa Senhora de Nazaré