Lumen Officii Tenebrarum: A luz do Ofício das Trevas
Há poucos dias da Semana Santa, momento em que os fiéis católicos irão viver, intensamente, as celebrações mais importantes da Igreja: a Paixão, morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo. E neste período solene, a Basílica Santuário de Nazaré rememora um momento inédito na Casa da Rainha da Amazônia: a recitação do Ofício das Trevas na Quarta-feira Santa.
Este momento, por mais que seja inédito na Basílica Santuário de Nazaré, já é secular na Igreja. Conheça um pouco mais desta bela tradição.

A origem do Ofício
Não se tem uma data precisa do início da prática, contudo, o que há em registros históricos é que o Ofício data do período medieval – Séculos V e XV – e representa o luto e a escuridão à qual ficou sujeita a Terra diante da morte de Jesus. A recitação é realizada três dias antes do Domingo da Ressurreição, no qual se faz a Vigília Pascoal, remetendo às três trevas da vida: a natural, litúrgica e a simbólica.
- As trevas naturais são aquelas que ocorrem diariamente. Com o sol se pondo, chega o anoitecer, as trevas, e é à noite que o Ofício deve ser rezado, lembrando as palavras de Jesus no Evangelho de Lucas: “Esta é a vossa hora e do poder das trevas” (Lc 22, 53).
- As trevas litúrgicas são aquelas que na celebração do Ofício das Trevas se apagam todas as velas, e essas serão acessas no Sábado de Aleluia, na bonita missa da Vigília Pascal, representando a Paixão do Senhor.
- E as trevas simbólicas são a representação dessa escuridão que toma o mundo quando Cristo é crucificado. As trevas representam o pecado, sendo vencidas quando o Senhor ressuscita.
Uma curiosidade sobre o Ofício: Tenebræ, que significa Trevas, consistia de uma combinação de orações e leituras de salmos do Breviário de Vésperas, que é uma parte da Liturgia das Horas, celebrada à tarde, na Quarta-Feira Santa e os Ofícios de Laudes (manhãs) ao alvorecer de Sexta e Sábado Santos. Cada hora do Ofício é composta dos seguintes elementos: salmos, antífonas, responsórios, hinos, lições, pequenos capítulos, versículos e benção.
O Ofício das Trevas reforça a luz da Ressurreição de Cristo, que venceu a morte e está no meio de nós.
Composição da cerimônia
A cerimônia de recitação é composta de diversos elementos, que trazem ao devoto um momento de contrição, oração e reflexão da vida e missão de Jesus Cristo. O Ofício é composto por 14 salmos, nove leituras e dois cânticos (Hino da Vitória e Benedictus) e, ao final de cada salmo, apaga-se uma das velas do “tenebrário”, um candelabro triangular com quinze velas, que representa a Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
Ao final da recitação, apenas a vela branca permanece acesa e o livro de orações é fechado de maneira brusca, representando a desordem que toma conta da Terra com a morte de Jesus. O apagar das velas e das luzes do templo representam a escuridão que tomou conta da terra, quando Cristo padeceu na cruz e o luto que a humanidade sente com a morte do Senhor.
A Basílica de Nazaré convida todos os fiéis devotos para que participem deste momento solene e de contrição que antecede a Páscoa do Senhor. O Ofício das Trevas acontecerá no dia 16 de abril, às 19h, na Casa da Rainha da Amazônia, com transmissão pelo Youtube e Facebook do Santuário.
Com informações da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Vatican News e A12
Texto: Allan Bentes – Ascom Basílica Santuário de Nazaré