Semana 06: 7 de fevereiro de 2019
“Certo dia, Jesus estava à beira do lago de Genesaré, e a multidão se comprimia a seu redor para ouvir a Palavra de Deus. Ele viu dois barcos à beira do lago; os pescadores tinham descido e lavavam as redes. Subiu num dos barcos, o de Simão, e pediu que se afastasse um pouco da terra. Então sentou-se e, do barco, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e ali lançai vossas redes para a pesca”. Simão respondeu: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, na tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5,1-5).
Em nosso ambiente amazônico não faltam as águas para entendermos a provocação positiva de Jesus aos seus discípulos de ontem e de hoje. Ao comemorarmos os trezentos anos de criação da Diocese de Belém, nossa Igreja quer descobrir justamente nestas águas o sinal para enfrentar os desafios à missão de evangelizar. Não nos cabe assentar-nos sobre louros de eventuais vitórias, e estas não são poucas! O tempo que se chama hoje (Cf. Hb 3,10-19) pede respostas novas e coerentes, para que a Boa Nova do Evangelho ressoe sempre de novo no coração das pessoas e renove nosso mundo e nosso tempo.
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” Na força da Palavra de Jesus queremos enfrentar os novos desafios. Vivemos num mundo pluralista, não sendo viável o sonho de uma cristandade na qual todos pensem da mesma forma. O projeto é ser sal, luz, fermento, grão de mostarda, semente que floresce misteriosamente… O desafio se chama diálogo com o diferente. O caminho é tão antigo e ao mesmo tempo atual. “Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante” (1 Cor 9,22-23). Ir ao encontro de todos, superando defesas e preconceitos. Ressoe entre nós a proposta do Papa Francisco, na Evangelii Gaudium: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja enferma pela oclusão e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49).
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” Para ser uma Igreja que sai pelas estradas, há que aprender a conversar com as pessoas, primeiro ouvindo-as, e aqui as nossas Paróquias são chamadas a um processo de escuta mais intensa e aberta, acolhendo inclusive perguntas para as quais não temos respostas prontas. E nossa linguagem deverá ser o anúncio de Jesus Cristo, seu nome e seu Evangelho, mais potentes do que todos os métodos de trabalho que possamos imaginar. E nunca falte a unção vinda do Espírito!
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” O desafio da família e da defesa da vida. Sim à vida, diante da cultura de morte. Nossa Igreja quer cerrar fileira com todas as pessoas que defendem a vida desde a concepção e até o seu ocaso natural, sem ceder às pressões abortistas, ou as propostas de eutanásia. Defender a vida será para nós comprometer-nos radicalmente com as pessoas e sua dignidade, especialmente as mais frágeis e excluídas. Valorizar a família segundo a proposta da Escritura (“Ele os criou homem e mulher” – Gn 1,27) e da Igreja, fundada no matrimônio de homem com mulher.
“Na tua palavra, lançaremos as redes!”. Diante do crescimento de nossas cidades, desejamos ter um olhar mais profundo e mais amplo para as nossas periferias geográficas e existenciais, com todos os problemas sociais existentes, enfrentando com serenidade e coragem a carência de recursos, com confiança na Providência de Deus, que nos tem permitido “lançar as redes”, mesmo quando humanamente nos sentimos muito limitados.
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” “Caminhar com o nosso povo, por vezes à frente, por vezes no meio e outras atrás: à frente para guiar a comunidade; no meio, para animar e sustentar; atrás, para a manter unida, a fim de que ninguém se atrase demais”. (Papa Francisco) Um enorme desafio é a participação de todos e convencer os agentes de pastoral em todos os níveis que é muito melhor caminhar juntos. Aqui, a confiança na Palavra de Jesus há de ajudar-nos a vencer a insensibilidade e a falta de coragem de muitos, começando pela oração fervorosa, a fim de que se despertem para um novo ardor missionário.
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” Em nossas mãos a Providência de Deus colocou um sistema de Comunicação, através da Fundação Nazaré de Comunicação, a ser mais valorizado e utilizado! Além disso, as novas mídias existentes e a contínua novidade que se apresenta neste campo, tudo isso pede atualização constante, reflexão e aprofundamento para oferecer conteúdos consistentes. Fechar-nos a estes desafios seria permanecer à margem de nossas águas, com receio de tomar o barco e lançar-nos para outras águas.
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” Para alcançar estas metas, às quais se acrescentarão outras suscitadas pelo Espírito Santo, precisamos aprender de novo, debruçar-nos diante da Palavra de Deus, estar atentos ao que o Espírito diz à Igreja, especialmente no Sínodo Especial para a Amazônia. Simão Pedro, pescador de profissão, teve que aprender de novo a pescar com aquele que foi carpinteiro em Nazaré! Certamente, teve que se dobrar diante de um outro modo de ver as coisas, entendê-las do jeito que é de Deus. Para nós, isto significa buscar o conhecimento maior da realidade, estudar, formar-nos de novo, ter a humildade necessária para recomeçar!
“Na tua palavra, lançaremos as redes!” Tendo obedecido, os apóstolos experimentaram a pesca milagrosa. Simão Pedro se assustou tanto que até queria afastar de si o próprio Senhor, por sentir-se frágil e pecador. Vale o mesmo para nós, homens e mulheres de Igreja, nesta Arquidiocese de Belém, chamados a olhar a amplidão do horizonte, renunciando a nossas lamúrias, sabendo que justamente os que se sentem pecadores são os que experimentam mais a misericórdia de Deus!
“O mesmo ocorreu a Tiago e João, filhos de Zebedeu e sócios de Simão. Jesus disse a Simão: “Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens!” Eles levaram os barcos para a margem, deixaram tudo e seguiram Jesus (Lc 5,10-11). A lista dos que deixaram tudo ainda não está pronta. A nós, seja qual for nossa vocação ou estado de vida, cabe deixar alguma coisa para seguir Jesus, a fim de que todos, sem exceção, lancem as redes de nossa Igreja para avançar para águas mais profundas.