Texto retirado na integra do livro “Ao encontro do Senhor”, escrito por Pe. Giancarlo Colombo – Bta. (1978)

Nascimento: 25 de julho de 1875 – Itália

Morte: 13 de dezembro de 1962 – Belém do Pará

Profissão Simples: 25 de dezembro de 1892 – São Felice a Cancello

Ordenação: 14 de agosto de 1898 – Roma

Filho do sul da Itália, Pe. Afonso Di Giorgio fez a sua Profissão simples no Noviciado de São Felice a Cancello (Sul da Itália), aos 25 de dezembro de 1892, seguindo-se, em janeiro de 1896, sua Profissão Solene, em Roma, na mesma cidade, onde, a 14 de agosto de 1898, era ordenado sacerdote.

Logo nos primeiros anos após a sua ordenação, foi em 1898 professor no Colégio São Luiz de Bolonha e no Colégio “Alta Querce” de Florença; finalmente, em 1901, era chamado a ensinar na Escola apostólica de Perúsia. Entretanto, preparava-se sua destinação definitiva bem longe da sua península.

Concretizava-se, em 1903, o projeto de uma fundação no Brasil. Escolhido para fazer parte do primeiro grupo de barnabitas chefiados pelo Pe. Richard, embarcava aos 7 de agosto de 1903 para Pernambuco, onde chegava em 21 de agosto. Jovem ardoso, percorreu durante um ano aquelas zonas devastadas pela seca; mas, no ano seguinte, era transferido para Belém. Aí, ao lado do Pe. Richard, seu Superior, assistiu ao lançamento da primeira pedra da Basílica que, mais tarde, lhe seria confiada para que a conduzisse a termo. Nove anos depois e, precisamente em 1912, uma nova ordem retirava-o de Belém e o destinava ao Colégio Zaccaria, como Vigário da Comunidade e Consultor do Provincial. Em 1918, sucedia ao Pe. Richard como Vigário da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém do Pará.

Uma vez empossado no cargo, fio seu primeiro cuidado promover cada vez mais a vida religiosa dos seus paroquianos, servindo-se das associações que já encontrava florescentes e ainda fundando a “Liga Católica de Jesus, Maria e José”, que um ano após a sua nomeação, em 13 de abril de 1919, instalava com certa pompa na Basílica. Sempre carinhosamente assistidas por ele, essas associações seriam em seguida o braço direito com que trabalharia para angariar donativos destinados às obras da Basílica.

Vigário ativo e Pai amoroso, Pe. Afonso afligia-se diante das inúmeras crianças da sua extensíssima paróquia que viviam no analfabetismo. Para elas, existiam duas escolas paroquiais: a do Sagrado Coração de Jesus e a Santa Catarina. Os alunos recebiam ali gratuitamente o ensino e, em dias de festa, roupas, doces e alimentos. Havia outra também que funcionava miseravelmente na rua 22 de junho. Para ela, Pe. Afonso voltou suas atenções de um modo todo particular: comprou um terreno no mesmo bairro e imediatamente iniciou a construção de um novo prédio em ritmo tão acelerado que, em 5 de fevereiro de 1919, já estava em condições de funcionamento. Havia outro bairro, naquele tempo nas dependências da nossa paróquia, o da Boa Vista. Bairro paupérrimo, em cujos barracos viviam de mãos dadas a pobreza e a ignorância. Pe. Afonso decidiu acudir com uma nova escola seus filhos, tanto mais necessitados quanto mais longe do centro. Aos as lutas que soem acompanhar essas fundações, em novembro de 1927, lá estava o novo prédio já equipado para receber até quinhentos alunos. Nossas Irmãs Angélicas, chamadas pelo Padre, deram tal impulso a essa nova fundação que acabou tornando-se a mais importante entre todas as que já existiram.

Se essas atividades religiosas e sociais honravam o Vigário, não há dúvida de que o nome do  Pe. Afonso está e estará para sempre ligado às obras da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Seus predecessores levantaram o arcabouço e assim o entregaram às suas mãos. Construída nos moldes da Basílica de São Paulo em Roma, a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré é um grande retângulo de 62 mts. Tudo lá é mármore de Carrara. Não há pintura mas apenas mosaicos; os vitrais ostentam uma riqueza indescritível, e o deslumbrante altar-mor, encimado por uma glória alvíssima, tendo ao centro a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, nos transporta para as maiores alturas celestiais.

Frente a esse espetáculo, não admira que Pe. Afonso se tenha tornado uma figura quase lendária entre o povo paraense. As homenagens provinham de toda parte. O presidente da Republica Juscelino Kubtschek outorgava-lhe a condecoração do Cruzeiro do Sul, aos 17 de dezembro de 1958; a Câmara estadual dava-lhe o título de cidadão de Belém; outras condecorações seguiram-se e o povo erguia-lhe em frente à Basílica um busto de bronze. Finalmente, a Congregação o elegeu em 1943 como Superior da Prelazia do Guamá, cargo que soube honrar com a mesma dignidade com que regia a Comunidade de Belém.

Já muito avançado em idade, abeirando-se dos 87 anos, o Padre sentiu os passos da morte que se aproximavam e que o levariam desta para a outra vida no dia 13 de dezembro de 1963.

Os funerais trouxeram à Basílica um número incalculável de fiéis de todas as camadas sociais. A missa de corpo presente foi celebrada por S. Excia. D. Milton Pereira, Bispo Auxiliar da Diocese e, em seguida, organizou-se o préstito que levou o corpo do mui querido Vigário até o cemitério de Sta. Isabel de onde anos depois foi transportado para a cripta da Basílica. Repousa agora à sombra do trono de sua Rainha.

Num corpo franzino e sob vestes sempre humildes, Pe. Afonso escondia um gênio de artista e uma alma devotíssima à Santíssima Virgem de Nazaré.