25 de janeiro

Conversão de São Paulo e as Irmãs Angélicas

Por: Padre Francisco Cavalcante

A espiritualidade paulina faz parte das bases da família religiosa fundada por Santo Antônio Maria Zaccaria, que se organiza em três grupos: os Clérigos Regulares de São Paulo, ditos Barnabitas; as Irmãs Angélicas de São Paulo e os Leigos de São Paulo.

Somos a primeira família de Consagrados, na história da Igreja, a ter São Paulo como patrono. Nosso Santo Fundador quis que a família por ele fundada tivesse ao glorioso São Paulo como modelo de seguimento a Cristo. Em outras palavras, Santo Antônio Maria Zaccaria era grande devoto do apóstolo dos gentios, a figura profunda e firme desse arauto do evangelho, fez parte das bases de sua espiritualidade, ele a quis entranhar nos alicerces de seu empreendimento espiritual de reforma dos costumes.

Nos primeiros anos de nossa Ordem, nossos religiosos eram chamados de ‘Os Paulinos’, tal era a identificação de nossa família ao Santo.

Ao ramo dos consagrados masculinos outorgou-se a espiritualidade do martírio de São Paulo. Nesse sentido, nosso nome histórico era Clérigos Regulares de São Paulo degolado, acentuando-se aqui o aspecto teológico da doação total de si a Deus e se preciso for, até o martírio. Ao ramo feminino, pretendeu-se sublinhar sua conversão, dessa forma o nome histórico do ramo feminino era Irmãs Angélicas de São Paulo Converso, ressaltando a transformação vivida por Paulo, após o encontro com Cristo.

Nesse contexto, no dia 25 de janeiro, as Irmãs Angélicas celebram sua solenidade.  Tal instituto, em sua gênese, teve como cofundadora a Condessa de Guastalla, Ludovica Torelli. Esta – depois de haver passado por dois matrimônios marcados por sofrimentos, viúva, jovem e rica – lançou-se a uma vida emaranhada de frivolidades. Entretanto, a Condessa Torelli logo percebeu que uma vida distante de Deus tem um preço muito alto, o vazio existencial adjacente à violenta pressão que seus familiares faziam para tentar roubar seus bens, fizeram-na refletir profundamente.

Eis que a Condessa de Guastalla decide dar um novo rumo a sua história, passa a ter uma existência mais austera e orante, consagrando sua vida e seus bens a Deus. Não fez esse caminho sozinha, contou com seu primeiro diretor espiritual, Frei Batista de Crema; e seu sucessor Padre Antônio Maria Zaccaria. Ambos devotíssimos de São Paulo Apóstolo, ajudaram-na em seu crescimento espiritual.

Em pouco tempo, Torelli encontra algumas jovens, que também davam sinais de querer mudar de vida, e as acolhe como uma verdadeira mãe. Aqui se inicia as origens das primeiras irmãs Angélicas. Seus bens materiais foram utilizados para dar uma vida digna e proteção às jovens, tudo respeitando a modéstia que elas, espontaneamente, propuseram-se viver. Segundo a Madre Clotilde del Curatolo ASP, eram 12 jovens no início.

O Espírito Santo de Deus une corações gigantes e esses se dispõem a plantar, com generosidade, no jardim do Senhor.  Padre Antônio Maria já havia fundado a Ordem dos Clérigos Regulares, anelava fundar também um ramo feminino. A Condessa Torelli, já assistida pelo jovem padre, igualmente sentia no coração o desejo de fundar uma Ordem feminina. Deu-se início aos trâmites canônicos, e aos 15 de janeiro de 1535, com a bula “Debitum pastoralis”, o sumo Pontífice Papa Paulo III aprova o nascimento da nova Ordem: fundador Santo Antônio Maria Zaccaria e cofundadora a Condessa Ludovica Torelli. E assim nasceu a Ordem Irmãs Angélicas de São Paulo Converso.

O carisma: a contínua renovação do fervor cristão.

O significado do nome: Angélicas: são chamadas a ser como anjos na terra, na contemplação de Deus e na ação, dedicando-se à salvação da humanidade. De São Paulo Converso: o desejo ardente de conversão foi o motor que moveu as primeiras jovens a se congregarem a exemplo de São Paulo, que às portas de Damasco, viu e escutou a voz de Jesus (At 9,1-22). Cada Angélica deve aspirar viver uma experiência transformadora com Cristo para, a exemplo do Apóstolo, manifestar com sua vida o seguinte ideal: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” Gl 2,20.