Dom Eliseu Maria Coroli: o gigante da evangelização na Amazônia

Hoje, 09 de fevereiro, celebramos 124 anos do nascimento de Dom Eliseu Maria Coroli. Nesta ocasião, retomamos nossas partilhas sobre a vida deste gigante da evangelização na Amazônia. As memórias aqui partilhadas têm o afã de dar a conhecer às novas gerações a vida deste bandeirante de Cristo, o qual se imolou em prol da pátria que adotou como sua. No Brasil, Dom Eliseu, em todo o seu apostolado, com fé, suor e muito sacrifício, deu o melhor de si, a fim de ganhar a tantos quanto possível para Deus.

O Soldado de Cristo retorna ao Convento

Ao término da Primeira Guerra Mundial, o jovem Barnabita Eliseu volta ao Convento para retomar seus estudos. Em 1920, após obter o diploma de Maturidade Clássica em Lodi, cidade localizada na região da Lombardia – Itália, foi enviado à Cidade Eterna, a majestosa Roma, para cursar a sacra teologia. 

Em 15 de março de 1924, o jovem religioso foi ordenado sacerdote na Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (CRSP), religiosos Barnabitas, pelas mãos do Cardeal Basílio Pompili, na igrejinha do Pontifício Seminário Laterano.

Em julho de 1924, os habitantes de Castelnuovo transbordavam de alegria, porque o neossacerdote, filho daquele povoado, iria celebrar a Santa Missa ali, pela primeira vez. A humilde família Coroli fez grande esforço para preparar uma linda festa, como sinal de seu júbilo por tão grandiosa graça.

No fervor do festejo, Padre Eliseu Maria pede um presente de ordenação a seus pais: permissão para suas irmãs Adeli e Giuseppina serem religiosas. Seus pais dão consentimento e ambas entram na congregação das Irmãs da Caridade de Maria Menina. Em alguns anos, seu irmão Paulo Coroli, que nesse período tinha 12 anos, iria também se juntar aos soldados de Cristo na mesma Ordem Religiosa de seu irmão. De tal acontecimento podemos inferir que se plantarmos com dedicação e generosidade, bons frutos colheremos: da família Coroli, quatro belos lírios foram colhidos para embelezar e perfumar o jardim do Senhor na vida religiosa.

Mesmo em júbilo por já haver alcançado a graça de ser religioso clérigo Barnabita, Padre Eliseu sentia que poderia galgar voos mais altos na busca pela autêntica felicidade. Vê-se aqui expressada uma máxima do fundador de sua Ordem Religiosa: “Não progredir no caminho de Deus é parar, é voltar pra trás” (Santo Antônio M. Zaccaria); desse modo, não poderia contentar-se com o que havia alcançado, era preciso dar um passo mais ousado e sabia que podia fazê-lo. 

O sonho de criança inflamava seu interior, não queria calar essa moção a qual marcara sua vida, no passado e na posteridade: “Ser missionário para ser muito feliz, feliz de verdade”. A doce voz de sua mãezinha imortalizou no seu ser esse ideal de vida. A realização desse projeto consistia, na sua essência, em responder ao chamado do Divino Mestre, que nos segue com um olhar de amor transbordante e nos exorta a dar sempre mais de nós mesmos em prol dos demais.

Pe. Eliseu se colocou à disposição de seu Superior Geral para ir a uma missão fora da Itália. Eis que a Providência Divina une o sonho do jovem padre à necessidade de prover pastores que ajudem a apascentar as ovelhas no Novo Mundo. Sua destinação: o renomado Colégio Zaccaria dos Barnabitas, localizado no Rio de Janeiro.

Depois de três meses de viagem de navio, chega ao Brasil em dezembro de 1924, com poucas malas, porém com o coração repleto de valiosos tesouros espirituais, pronto para partilhá-los com aqueles que Deus lhe confiaria.   

                                                           “Quando a disponibilidade é cordial e total,

                                                                                        a obediência é perfeita.”

                                                                (Servo de Deus Dom Eliseu Maria Coroli)

Primeira missão no Brasil

Chegou a Santos em 22 de dezembro 1924. No dia seguinte, tomou a linha de trem Santos-Rio de Janeiro e, no dia 24, chega a sua nova comunidade: Colégio Zaccaria, Rua do Catete, nº 113.

 Pe. Coroli foi sendo inserido na vida evangelizadora dos Barnabitas na Província Brasileira. Nesse primeiro período, ministrou aulas no colégio Zaccaria localizado no bairro do Catete, foi coadjutor na Paróquia Nossa Senhora do Loreto, de Jacarepaguá, onde, por cinco anos, exerceu o ofício de vice-reitor dos apostólicos (alunos internos que aspiram à vida consagrada) na Escola Apostólica Sagrado Coração de Jesus, internato cuja Providência Divina fez germinar muitas gerações de Barnabitas.

Na função de professor, lecionava Matemática e Física como poucos. Por meio dos números, comunicava a importância do conhecimento na edificação do caráter. Com maestria, foi para seus alunos a luz do saber, inspiração que motivou a muitos o apreço pela ciência. Era professor exigente e exortava seus pupilos a terem uma abordagem responsável acerca dos estudos. Entretanto, sabia se fazer próximo de todos, sempre disponível para colaborar com aqueles que tinham dificuldade de aprender. Com rigor e ternura, soube imprimir no coração de seus alunos o ideal do homem de fé e ciência, próprio da tradição dos Barnabitas.

Entre as aulas e as atividades ministeriais, Padre Eliseu demonstrou muito dinamismo. Aos seminaristas deu educação integral, provendo-lhes os cuidados da alma e do corpo. Seu amor pelo esporte era mais um instrumento para se fazer próximo aos “apostólicos”. Sempre que possível, no campo que antes existia ao lado da matriz do Loreto, arregaçava a batina e jogava futebol com eles; isto entusiasmava os moços e lhes fazia sentir queridos pelo jovem padre.     

Anos mais tarde, um formando que fizera parte desse grupo, Padre José Maria Meireles Sisnando, religioso observante, grande escritor, professor exímio, conhecedor abalizado do latim, deixou-nos o seguinte depoimento: “Ao relancear os olhos pelo passado, desponta-me a figura magra do Pe. Eliseu Maria Coroli, um verdadeiro asceta. Recordo-o com máxima veneração. Nele, vejo o religioso exemplar, o presbítero zeloso, o missionário infatigável, o bispo dinâmico, esquecido de si, para sacrificar-se por amor a Deus e ao próximo… Ensinou-nos Matemática e Física (quando era formador)… Tal magistério seria, por vezes, exercido com notável sacrifício. Na comunidade, o religioso ocupava também o cargo de Procurador. Tinha a coadjutoria na Matriz e nas capelas distantes. Devia exercer um apostolado estafante, pois dependia de transporte lento e exaustivo… A passagem do Padre Eliseu pelo seminário foi assaz benéfica. Esforçadamente, ele ajudou a formar um bom número de ministros do Altíssimo”.

Em Jacarepaguá, os Barnabitas são responsáveis pela animação da Paróquia Nossa Senhora do Loreto. Naqueles anos, a paróquia tinha uma extensão exorbitante: 216 km². As largas distâncias eram percorridas por meio de modestas conduções: bonde, ônibus, charrete puxada por uma mula e, por vezes, cavalo.  Cinco anos de seu ministério foram entregues também nessa vasta paróquia, aí colaborou como coadjutor. O Rio de Janeiro foi local onde pregustou o que um dia viveria com mais intensidade na Prelazia do Guamá. Assim sendo, podemos afirmar que nos desafiantes labores pastorais, em Jacarepaguá e no Colégio Zaccaria, Deus estava terminando de preparar seu espírito para o porvir.

A presença do Padre Coroli em terras Cariocas foi momento de valiosa inserção na cultura brasileira: linguística, culinária, climática e de costumes. Por sua vez, por onde passou, ele plantou sementes de céu em muitos corações e, a outros, Deus concedeu a incumbência de colher os frutos, pois ao jovem Missionário o Altíssimo tinha outros planos.

                                                   “Fazer apostolado é externar a própria felicidade.”

                                                                  (Servo de Deus Dom Eliseu Maria Coroli)

 Sempre a paz e paz profunda
A paz, alegria sobrenatural, sorriso, abandono filial… A paz, a calma e a segurança como contínua adoração a Deus Pai, hino mudo e melodioso de fé e de confiança, prova que convence Papai (Deus) que me abandono realmente à sua amorosíssima providência que tudo governa e tudo dispõe para o meu proveito e felicidade. SEMPRE A PAZ, E PAZ PROFUNDA.
No céu e na terra não existe um motivo que justifique a falta de paz. Os interesses das almas e do próprio Deus nunca podem exigir o sacrifício da paz; pelo contrário, ficam sempre prejudicados pela falta de paz. A inquietação – e mais, a irritação – são sinais infalíveis de esfriamento na fé, na confiança e no amor. Nada de agitação, de febre, de tristeza. PAZ E ALEGRIA DEVEM SER FLORZINHAS CONTÍNUAS, SEMPRE VIÇOSAS. A flor murcha se não tiver o viço da alegria.
Jesus, jovem divino, viverei tranquilo no vosso regaço. Mesmo as responsabilidades no seu próprio interesse devem respeitar a paz. TUDO SE PERCA, MAS NÃO A PAZ E A ALEGRIA!
 

Extraído do livro “Infância Espiritual Vivida por Dom Eliseu”.
Autor: Dom Eliseu Maria Coroli