Reflexão do Evangelho – Lucas 12,49-53

Lucas vê em Jesus o Senhor da Igreja (10,1-2) que realizou as Escrituras a partir de Is 7,14; 9,5; 11,1-. No quadro da Apresentação ao Templo foi descrito à luz de Is 42 e no quadro do reencontro no templo, como Aquele que deve ser procurado na Casa do Pai, após ter realizado a sua Páscoa. A partir do batismo no Rio Jordão, é visto triunfador, que estabelece o Reino, vencendo o diabo. Para isso, age na força do Espírito, como profeta, ligado à tradição profética (7,18-35). Ele é aquele que ensina os seus a se tornarem: “Sal da terra e luz do mundo, para que os homens, vendo as suas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt 5,13). A partir da confissão de Pedro, caminha para Jerusalém. Lá, a sua humanidade adquirirá a condição de Espírito vivificante. Nele vai se realizar a profecia de Ez 1,26-28. O fogo vai atingir toda a humanidade e transformá-la por uma ação humilde, contudo irresistível: a Igreja que chega a toda a verdade (Jo14), que é o arauto no Espírito, que santifica pelos sacramentos, que dá testemunho até a morte. A condição gloriosa, contudo, é obtida pela imersão nas águas da morte, que Jesus aceita em obediência ao Pai. Isto vai trazer conflitos de incompreensão que Jesus aceita e anuncia aos seus, porque está em jogo o bem supremo da vida eterna.

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).