Reflexão do Evangelho – João 16,12-15

Santíssima Trindade

No dia da Ascensão ouvimos Jesus proclamar: “Todo poder me foi dado, ide, pois batizai em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,18). A Igreja tem uma Cabeça, o Homem Cristo Jesus que se deu em redenção por todos; que Deus ressuscitou, mas que João diz ser a Palavra que se fez carne, superior a Moisés que deu a Lei. Por Jesus Cristo, nos advieram a “graça e a verdade”, porque ele é o “Unigênito Deus” que, desde sempre, vê e conhece a Deus (Jo 1,17-18).

É pela pessoa do Filho que nos é revelada a condição de Vida Trinitária em Deus. Segundo a sua condição humana, Jesus é levado à perfeição pelo sofrimento. Criado um pouco inferior aos anjos, é dessa forma, exaltado acima das ordens celestiais e tudo coloca sob os seus pés: “Principados e Autoridades” (Cl 2,15). E Paulo continua dizendo, “tudo foi feito por ele e para ele porque aprouve a Deus que nele estivesse toda primazia” (Cl 1,15-18). O homem Cristo Jesus elevou a nossa humanidade à Glória da Divindade. É por essa condição em que Jesus se encontra, a partir da sua Ascensão ao céu, que podemos falar da sua Pessoa divina. Além de Palavra, segundo a sua própria indicação, podemos chamá-lo de Filho. O homem Cristo Jesus, na condição de Filho, participa da natureza divina com o Pai.

Além do Pai, Jesus nos revela a Pessoa divina do Espírito, pela fórmula trinitária com que institui o Batismo no momento da Ascensão e por tudo o que ouvimos no discurso da Última Ceia: “É bom que eu vá, porque quando eu for vos enviarei o Espírito da Verdade… Ele vos lembrará tudo o que vos tenho dito e vos conduzirá a toda Verdade… Quando ele vier dará testemunho quanto ao pecado, à justiça e ao julgamento. Quanto ao pecado, porque não acreditaram em mim; quanto à justiça, porque vou para o Pai; quanto ao julgamento, porque o príncipe deste mundo será jogado fora” (Jo 14,26; 16,7-11). No dia de Pentecostes, prestamos a nossa adoração a esse Espírito que Jesus nos enviou do Pai.

A linguagem de Jesus está a nos indicar que a fonte de tudo é um único Deus. Dessa forma, embora a sua revelação implique uma vida trinitária, é só por atribuição que dizemos que o Pai é o Criador, o Filho, o Redentor e o Espírito o Santificador. É Deus que cria, embora dele falemos segundo uma linguagem antropomórfica, que opera pela Palavra que sai da sua boca, e que vem com o Espírito que tudo suscita ou renova.

Aquilo, porém, que parece proceder de uma só Pessoa divina, resulta, por revelação, ser uma ação de três Pessoas que participam de uma única vida. É essa Trindade santa que glorificamos no dia da solenidade da Ssma. Trindade. Trata-se de um mistério que tanto nos enriquece quanto à compreensão do nosso Deus. A ação diversificada de cada Pessoa da Ssma. Trindade nos permite considerar melhor as virtualidades do Único Deus onipotente criador, de infinita sabedoria, beleza e bondade, misericordioso com a sua criatura, paciente, benigno e longânime, que revela o seu amor em Jesus Cristo, o Filho, entregue à morte para a nossa redenção, que nos renova pelo seu Espírito santificador.

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).