“O Amor nasce do Conhecimento” (SAMZ sermão II)  

Nesse mês em que celebramos o nascimento de nosso Salvador, somos exortados a conhecê-Lo e deixar que Ele, misticamente, nasça em nosso ser.

Na raiz da espiritualidade Paulino-Zaccariana está a busca de uma constante renovação do fervor cristão, nesse contexto, os escritos de Santo Antônio Maria Zaccaria, de forma implícita e explícita, dão-nos pistas do valor desse empreendimento. Aqui é importante ressaltar que Zaccaria nos conduz a perceber que somos criaturas, por isso, nascer é algo que faz parte de nossa condição e, nascendo, somos convidados a conhecer, a cada dia, o novo de Deus que toca nossa história renovando com Ele nossa aliança, a qual, a cada dia nos possibilita beber dos mananciais celestes, fazendo com que a chama de nosso fervor não se apague e seja sempre renovada.

Nascer significa surgir para a vida:  nascemos no coração de Deus enquanto projetos de Seu infinito amor, nascemos aqui na terra enquanto frutos do encontro entre homem e mulher. Isso nos faz perceber que, em sua essência, o ser humano aspira à vida, é chamado constantemente a lutar por ela. Em outras palavras, recebemos vida de outrem, portanto, é possível afirmar que nas raízes da vida se encontra o amor, ele aí se faz presente porque vida e amor são doação. Ainda que uma criança venha ao mundo sem ser desejada, isto é, sem amor humano, o amor de Deus aí estará se entregando sem reservas.

Estamos por celebrar o natal de Jesus, a cada ano os cristãos revivem o colossal acontecimento o qual a humanidade teve a graça de contemplar a Deus face à face, o Divino encarnado e adorado em uma paupérrima manjedoura. Eis aí uma singela declaração de amor feita pelo Divino ao humano: o amor do Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo, tocou nossa humanidade mostrando que é possível conjugar o verbo amar em nossa simplicidade existencial, em nosso “presépio interior”.

O natal de Jesus é uma exortação a humanidade a conhecer mais de perto a Deus, Ele já não nos fala por meio de intermediários Hb 1,1ss, agora nos permitiu contemplá-Lo e, por sua vez, conhecê-Lo para, logo, amá-Lo mais e mais. O natal de Jesus é também o natal da humanidade, nascemos espiritualmente com Cristo para ajudar a construir na nossa história o tão sonhado reino de Deus, assim sendo, celebrar o natal implica dar a nossa existência um “sabor de céu”. Com gozo sabemos que após o nascimento do Emanuel, nosso coração de carne poderá bater na mesma cadência do coração de Deus, pois o Pai deu um coração de carne ao Filho e exultantes percebemos que no coração do Filho estão as marcas do Amor do Pai e nosso coração estão as marcas do amor do Filho.

Contemplar a Jesus na manjedoura leva a descobrir o poder redentor de Deus em nossa história, exorta a mergulhar no mistério infinito do Amor do Senhor. Tudo isso nos induz a concluir que buscando-O chegaremos a conhecê-Lo, conhecendo-O poderemos amá-Lo e amando-O nos abandonaremos em seus braços como Ele um dia o fez no colo de Sua mãe.

Feliz Natal!