Pe. José M. Ramos Mercês, Sacerdote Barnabita

Em 19 de julho de 1923, a igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, em Belém do Pará, recebia o Título Basilical. À Carta Apostólica em que o Papa Pio XI concedia a celebrada honorificência, seguiu-se o registo de que fora também agregada, ainda em Roma, à Basílica de Santa Maria Maior, matriarca de todas as basílicas marianas do mundo.

É o próprio Cabido (capítulo de Cônegos) dessa basílica romana quem o comunica ao Pároco, o padre barnabita Afonso M. Di Giorgio, em data 12 de agosto, do mesmo ano.

«Sendo que No-lo pediste, pela devoção que nutres para com a Santíssima Mãe de Deus, achamos por bem unir, agregar e incorporar a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré à sacrossanta Basílica de Santa Maria Maior, de modo que, dita Igreja, participe e comungue das mesmas graças, indulgências, privilégios e indultos apostólicos concedidos pelos Sumos Pontífices, à  Nós e à mesma Basílica Liberiana».

O que é, exatamente, uma basílica e qual é a sua importância? A palavra “basílica” vem do latim e deriva do grego basiliké. Considerando o sentido literal, significa “casa real”. O biógrafo do Padre Afonso Di Giorgio considerou que, quando em 1918, a gestão da paróquia de Nazaré com a construção da nova igreja passou às suas mãos, este teria sonhado vesti-la das mais belas roupas e joias, referindo-se aos mármores e ornamentos com que adornaria uma casa digna da Rainha da Amazônia.

Nenhuma igreja católica pode tornar-se “basílica” sem autorização apostólica, ou seja, com a permissão da Santa Sé, exceto por tradição e costume que remonte a tempo imemorial, coisa raríssima. No caso de Nazaré, sempre causou espécie que os Padres Barnabitas tenham alcançado para Belém inusitado decreto apostólico, com a obra ainda inacabada.

Basílica de São Pedro

Basílica de São Paulo extramuros

Basílica de Santa Maria Maior

Basílica de São João de Latrão

Basílicas Maiores

É somente em Roma que existem templos que gozam do título de Basílica Maior. E são quatro: a Basílica de São Pedro, a Basílica de Santa Maria Maior, a Basílica de São Paulo extramuros e a Basílica de São João de Latrão – que é a mais antiga do mundo. Construída no palácio da nobre família Lateranos, que o Imperador Constantino entregou à Igreja Católica, foi consagrada pelo Papa São Silvestre, no ano 324.

Basílica Santuário de Nazaré

Uma basílica maior tem um altar principal no qual apenas o Papa e seus delegados podem celebrar a Missa. Além disso, distingue-se por haver uma Porta Santa, que os fiéis podem cruzar em Anos Santos, para receber indulgências.

Basílicas Menores

As basílicas menores são os templos que recebem esse título por concessão do Papa ou do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Geralmente, são igrejas que reúnem grande número de peregrinos, guardam tesouros sagrados ou têm notória importância espiritual e histórica.

Na verdade, uma basílica é centro espiritual e evangelizador de uma comunidade e serve também para difundir devoção especial ao Senhor Jesus, à Virgem Maria ou a algum santo. No total, existem mais de 1500 basílicas menores em todo o mundo.

Basílica Maior de Santa Maria

 

Santa Maria Maior

A nossa basílica menor, surgida naturalmente da devoção à Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, na capital da Amazônia brasileira, por constituir-se num templo mariano é, por conseguinte, filiada à Basílica Maior de Santa Maria.

Edificada no século IV sobre um templo pagão, com o Papa Libério (donde o adjetivo “liberiana”), essa basílica-mãe teve nomes variados: “Santa Maria das Neves”, “Santa Maria Liberiana”, “Santa Maria da Manjedoura” e “Santa Maria Maggiore” – porque é a maior das 26 principais igrejas de Roma, dedicadas à Santa Mãe de Deus.

Primeira igreja do Ocidente dedicada ao culto mariano, sua construção foi incrementada depois do Concílio de Éfeso (431), que proclamou Maria “Mãe de Deus”, e tem uma celebração própria na liturgia católica, no dia 5 de agosto – fato lembrado e comemorado na antiga cidade paraense Vigia de Nazaré.

Dentre os seus privilégios, sendo uma basílica papal, Santa Maria Maggiore é frequentemente utilizada pelo próprio Papa. A data mais importante é a festa da Assunção de Maria, lá celebrada anualmente, em 15 de agosto.

Fato interessante é que o Papa Francisco iniciou o seu Pontificado visitando essa basílica mariana, em 14 de março de 2013. Saindo a primeira vez do Vaticano após a sua posse, para lá se dirigiu na condição de romeiro, levando nas mãos um ramalhete para ofertar à Virgem Mãe de Deus, ali também invocada sob outro título, muito querido ao coração do Pontífice: “Maria Regina Pacis”.

“Acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, Estrela do Mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

Vós, Arca da Nova Aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

Vós, «Terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.” (Franciscus)