“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “Abá, Pai!”. Portanto, já não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro; tudo isso, por graça de Deus” (Gl 4, 7-7). O tempo vem a ser administrado com sabedoria. Depende nas opções que fazemos pela vida afora, mas não está totalmente sob o nosso domínio.
Sim, é verdade! Nós somos gerados no tempo, e a vida humana nesta terra tem seus limites. “Diante de vós estão as nossas culpas, e nossos pecados ocultos à luz do teu rosto. Nossos dias todos se dissipam pela tua ira, acabam nossos anos como um sopro. Nossos anos de vida são setenta, oitenta para os mais robustos, mas pela maior parte são fadiga e aborrecimento, passam logo e nós voamos. Quem conhece o ímpeto da tua ira, quem teme a violência do teu furor? Ensina-nos a contar nossos dias e assim teremos um coração sábio. Volta-te, Senhor, até quando? Tem compaixão dos teus servos! Sacia-nos de manhã com tua graça, para exultarmos de alegria pela vida afora” (Sl 89/90, 8-14).
O tempo de Deus é a eternidade feliz. Por amor, ele entrou em nosso tempo, fazendo-o chegar à sua plenitude. O eterno entrou na história humana, para dar-nos a possibilidade de nos tornamos eternos, por pura graça, aquela que nos vem através de seu Filho amado. E a eternidade, se torna, para todos os filhos amados de Deus, uma aventura de paraíso em paraíso, uma realização infinita que nos vem da Santíssima Trindade.
Sem esta graça, até a eternidade se tornaria insuportável! E, pensemos bem, a vida na terra, sem a fé no amor de Deus que nos oferece a sua graça, seria terrível. Com todo o respeito pelo mistério insondável de casa pessoa, mas podemos refletir no que se torna a vida sem a via da esperança, quando os limites das possibilidades humanas se fecham e o desespero se instala! A fé no amor infinito de Deus não nos faça orgulhosos, mas conscientes do presente que o nosso testemunho pode oferecer aos outros.
Em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, com sua Morte e Ressurreição, a vida na terra ganhou seu sentido. E a Igreja, justamente a partir daquele que é a porta do Céu e de uma eternidade feliz, desde os seus primórdios celebra, numa espiral sempre crescente, todas as etapas do mistério cristão, no ano litúrgico, para que entremos na dinâmica de salvação e possamos colher as graças próprias de cada uma de suas etapas. Jesus Cristo nasceu uma só vez em Belém, e começamos agora o tempo do Advento, que nos conduz às alegres celebrações do Natal. No entanto, quer nascer em nossos corações, dando-nos o maior de todos os presentes! Uma vez morreu e ressuscitou, mas todas as vezes que participamos da Eucaristia, anunciamos a sua morte e ressurreição, enquanto esperamos sua vinda. Durante os anos de sua vida pública, anunciou a boa nova, realizou milagres, passou fazendo o bem. E durante o ano, celebramos a memória de seu amor pela humanidade e o tornamos presente, acolhendo a vida eterna que nos oferece.
Quando o tempo de Deus é acolhido no tempo humano, este ganha seu sentido maior e deixa de ser um círculo repetitivo. Ganha sentido! E aqui se encontra mais um serviço que a Igreja oferece à humanidade. A Liturgia, cuja palavra expressa justamente isso, serviço qualificado ao povo, infunde esperança e conteúdo, quando anuncia a Palavra da Salvação e torna presente o mistério de Cristo.
Nas próximas semanas, contemplaremos primeiro o sentido último da história. No primeiro domingo do Advento, seremos alertados para que nossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida. Ficaremos, atentos, em oração a todo momento, a fim ficarmos de pé diante do Filho do Homem (Cf. Lc 21,34-36). Nas duas semanas seguintes, o convite é a olhar para o nosso dia a dia, e seremos ajudados pelas figuras do profeta Isaías e de João Batista, para abrirmos os olhos e identificar as muitas visitas de Jesus em nosso cotidiano. Na última semana, apadrinhados pela Virgem Maria, voltaremos os nossos olhos para Belém e prepararemos o dia feliz do Natal, a ser celebrado na Igreja e na família, fazendo festa pelo presente que é Jesus.
Para a Igreja de Belém do Pará, o Advento é também nossa festa da partilha, com a Campanha “Belém, casa do Pão”, com a qual a Cáritas Arquidiocesana convida toda a população a expressar, na caridade, a responsabilidade social que nos cabe com o mandamento da caridade.
Rezemos: Ó Deus todo poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Amém.