por: Pe. Luiz Antônio M. do Nascimento Pereira, CRSP

Caros leitores e leitoras, toda Congregação Religiosa, quer mais antiga, quer mais recente, tem por Nossa Senhora especial veneração, considerando-a como padroeira e protetora. Não é diferente para nós, Barnabitas e Irmãs Angélicas, que temos Nossa Senhora, sob o título de Mãe da Divina Providência, como patrona de nossa família religiosa e dos grupos de leigos a nós ligados.

Alguém poderia perguntar: esse título de Maria vem desde os tempos iniciais de Barnabitas e Angélicas? A resposta é não. A devoção da família Zaccaria era Nossa Senhora das Dores. Nos Escritos de nosso Fundador as referências à Virgem Maria são poucas, mas bem importantes, quer do ponto de vista teológico, quer devocional. Vejamos, então:

Maria nos Escritos de Santo Antônio Maria Zaccaria

  1. No início do Sermão 1, ao falar do poder de Deus, o santo afirma: «Foi Ele que … fez a Virgem Maria dar à luz e fez Jesus, seu Filho, morrer» (20101).
  2. No Sermão 4, parágrafo 21, encontramos esta afirmação: «Caríssimo, através de quem o homem (Adão) pecou? Através de Eva, sua mulher! Do mesmo modo, através da mulher, isto é, da Virgem Mãe Imaculada, Nossa Senhora a Virgem Maria, Deus quis libertar o mundo» (20421). Com isso, ele quis dizer que a pessoa humana pecou e só será libertada por outra pessoa humana.
  3. Nos Sermões (edição em italiano), o cabeçalho é: Iesus + Maria, enquanto que as Constituições terminam com um Deo gratias, Iesu, Mariae (Demos graças a Jesus e a Maria).
  4. Nas Constituições, capítulo 5, parágrafo 1, vemos que a Assunção e a Natividade de Nossa Senhora são duas festas nas quais era lícito comer carne ( 30501). São duas festas importantíssimas e fazer penitência nesses dias não parecia oportuno e sim alegrar-se pelo nascimento de Maria livre da mancha do pecado e pela sua glorificação no céu.
  5. No capítulo 10, parágrafo 9 (31009) das Constituições, ao falar das motivações para uma boa oração, nosso Santo indica a meditação sobre as sete Dores de Maria, para termos pensamentos de contrição.
  6. Como último exemplo, temos o ensinamento de nosso Santo a seu amigo Carlos Magni, que queria saber como rezar sem ter de abandonar a sua vida corrida. Zaccaria dá várias dicas, entre elas, a seguinte: “Eleve frequentemente seu pensamento a Deus. Se, porém, as coisas se prolongarem, procure interrompê-las por breves momentos como, por exemplo, pelo espaço de uma Ave Maria …” Nesse caso, a oração mariana se tornou uma medida de tempo para a elevação da mente a Deus.

Após a morte de Santo Antônio Maria, surgiu uma devoção a Nossa Senhora de Loreto, tanto entre os Barnabitas como entre as Angélicas, por insistência de São Carlos Borromeu. Esse fato é atestado no livrinho Memórias da Angélica Anônima, cuja tradução em Português está disponível desde 2018. A propósito de Nossa Senhora de Loreto, um dos Barnabitas de Roma foi a pé da Cidade Eterna até Loreto. Ali, teve a inspiração para conseguir os recursos necessários à construção da igreja dedicada a São Carlos Borromeu, grande protetor e incentivador dos Barnabitas e das Angélicas, em Milão, onde ele era Arcebispo. É nessa igreja (S. Carlo ai Catinari) que está o quadro de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, padroeira da família zaccariana.

Nossa Senhora Mãe da Divina Providência

Embora aqui e ali sejam veneradas imagens de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, sua representação original é um quadro doado aos Barnabitas de Roma, no século 17, por Scipione Punzone, pintor e arquiteto, para substituir um afresco que se encontrava na parede de uma igreja dos Barnabitas, que foi demolida para dar lugar ao que é, desde aquela época, uma praça, a Piazza Colonna. O quadro original se encontra no coro da comunidade dos Barnabitas, anexa à igreja de S. Carlo ai Catinari. O local é restrito à visitação dos fiéis, para os quais há uma réplica na igreja. Um detalhe interessante do quadro é o menino: ele está sem a auréola. Não é o Menino Jesus ali representado, mas toda a humanidade, sustentada pelas mãos e braços de Maria e pelo seu olhar de ternura e de misericórdia.

A devoção dos Barnabitas por Nossa Senhora Mãe da Divina Providência remonta ao século 17, quando lhes foi concedida a graça de ter a Missa própria da Mãe da Divina Providência. Sua Solenidade é celebrada nas nossas igrejas e também nas de outras famílias religiosas e não tem um dia fixo, varia de ano para ano, caindo no sábado que antecede o 3º domingo de novembro.

Com o passar do tempo, a devoção à Maria Mãe da Divina Providência, que começou em Roma, acompanhou os Barnabitas por onde passaram e aonde estão. É provável que muitos de vocês tenham em casa, pelo menos um “santinho” com a imagem de Maria dos Barnabitas. Contemplem e rezem pedindo sua intercessão diante do Deus que é Providência.

Ah! Mais uma coisa: nós, Barnabitas, no dia de nossa Primeira Profissão dos votos religiosos, acrescentamos o nome de Maria entre o nosso nome e o sobrenome. Por exemplo: Clodoaldo Maria (ou só M.) da Silva Rodrigues (nome fictício). Maria é caminho para chegarmos a Jesus e não é diferente para nós.

Maria na Província Brasileira

Apresentamos agora a forte presença de Maria nas atividades pastorais (santuários, paróquias, etc.) que os Barnabitas coordenam, nas cidades em que estão presentes no Brasil.

Belém (PA)

– Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro

– Capela de Nossa Senhora das Graças.

Belo Horizonte (MG)

– Colégio Padre Machado: Capela Nossa Senhora Mãe da Divina Providência e a Arquiconfraria

– Paróquia Cristo Crucificado: igreja da Comunidade de Nossa Senhora da Ajuda

Benevides (PA)

– Seminário Mãe da Divina Providência

– Capela da Comunidade Mãe da Divina Providência, confiada aos cuidados pastorais dos padres e dos formandos do Seminário.

Bragança (PA)

– Paróquia Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro;

– Na cidade, são três comunidades dedicadas a Nossa Senhora: Nossa Senhora dos Espinhos, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Mãe da Divina Providência.

– No interior são sete: três comunidades da Imaculada, duas de Nossa Senhora de Nazaré, uma de Nossa Senhora de Fátima e uma de Nossa Senhora do Livramento.

Capitão Poço (PA)

– O titular da paróquia é Santo Antônio Maria Zaccaria (trata-se de um Santuário). Até 26/09 não chegaram informações sobre o número de capelas dedicadas a Nossa Senhora.

São Miguel do Guamá (PA)

– O titular da paróquia é São Miguel Arcanjo;

– A paróquia tem muitas comunidades tanto na cidade como na área rural. Destas, 29 são dedicadas a Nossa Senhora, sendo 10 na cidade e 19 na zona rural.

Fortaleza (CE)

– O titular da paróquia é São Diogo;

– E mais: o grande Santuário Mãe da Divina Providência; comunidades de Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Abadia, Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora das Graças, todas em área urbana.

Rio de Janeiro (RJ)

Catete: Santuário de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência (no Colégio Zaccaria) e a Arquiconfraria.

Copacabana: o titular da paróquia é São Paulo Apóstolo e aí temos a Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência.

– Capelinha no alto do túnel da Rua Barata Ribeiro, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, mas não tem atendimento regular por parte de nossos confrades, abrindo só na época da festa para a devoção dos fiéis.

Jacarepaguá: Paróquia e Santuário Nossa Senhora de Loreto;

Das três comunidades de religiosas que atendemos e que têm capelas públicas, duas têm dedicação mariana: Nossa Senhora do Amparo e Nossa Senhora de Belém.

São Paulo (SP)

– O titular da paróquia é São Rafael Arcanjo;

– Aí temos a Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência. A paróquia não tem capelas.

Agradecemos pelas informações aos confrades: Pe. Deogratias (Benevides), Pe. Luiz Marconi (Bragança), Pe. Luiz Carlos e Diácono Bruno (Fortaleza), Pe. Fernando (São Miguel do Guamá) e Pe. Miguelito (São Paulo).

Fontes de consulta:

Santo Antônio Maria Zaccaria, Escritos, ed. de 1999.

Antonio M. Gentili e Giovanni M. Sxalese, Prontuário para o Espírito (edição em Português em andamento), artigo Maria Virgem.

Giuseppe M. Cagni, Barnabiti Studi 13, Roma 1996.