Por Padre José Adelson M. Ramos das Mercês, B.
Todos os sábados, infalivelmente, o nosso Padre é aquinhoado com alguma delícia paraense, levada à mesa da Comunidade religiosa nazarena: pupunhas, tapioquinhas, pamonhas, bolo de macaxeira, milho cozido. E por que só pra ele, Geraldo? “Porque o Padre Giovanni é uma lenda viva nesta paróquia!”. É isto!
Não é difícil falar muito e bem sobre o Padre Giovanni. O apóstolo Paulo recomenda que “não devemos receber a graça de Deus em vão”. Graça que o pequeno Giovanni recebeu no dom de sua vida, da qual todos nós findamos por também ganhar: sua pessoa, sua consagração, seu serviço realizado com generosidade na Igreja, no meio do povo que ele ama servir. Já Santa Terezinha de Jesus falava: “Tudo é graça!”. E com alegria verificamos a frutificação da graça divina em sua vida exemplar de missionário barnabita.
Graça para a sua família. Grande família italiana, agricultora de Altamura, no sul. Os pais, Giovanni e Carmenia, tiveram 11 filhos, dos quais sobreviveram seis. O Padre é o do meio, nascido em 11 de março de 1932, recebendo na pia batismal o nome do avô materno. Com ele vivem ainda as irmãs Rosaria (79) e Chiara (75).
Graça para a Igreja e a Ordem dos Barnabitas. De sua vocação, ele mesmo declara que desde criança quis ser sacerdote, religioso e missionário. Afirma num escrito autobiográfico: “Eu era um predestinado!” Entrou na Ordem aos 15 e foi ordenado padre em 1956, aos 24 anos. Fez, em 31 de dezembro último, 65 anos de sacerdócio.
Graça para a Igreja do Brasil. Certo da vocação missionária, preparou-se e até estudou inglês para ir à fundação dos Barnabitas nos Estados Unidos, mas vários encargos o ocuparam na Itália até 1969. Formado em Línguas Clássicas e havendo exercido o magistério escolar por 13 anos, tinha 37 de idade quando, em 12 de outubro 1969, chegou ao Brasil para trabalhar na antiga Prelazia do Guamá – hoje Diocese de Bragança – logo destinado Pároco de Irituia, local de sua primeira experiência evangelizadora na terra de Santa Cruz.
Seria extenso demais pormenorizar atividades com datas, locais e encargos que o nosso Padre exerceu ao longo dos 52 anos de fecundo ministério apostólico em solo brasileiro como pároco, superior provincial, superior de comunidades, mestre de noviços, mestre dos professos, guia espiritual, confessor, conselheiro; e mesmo co-fundador da congregação religiosa das Irmãs Carmelitas Evangelizadoras de Santa Terezinha do Menino Jesus – Teresitas. Enfim, como provado homem de Deus e fiel sacerdote de Jesus Cristo por onde andou – no Pará, em São Paulo e no Distrito Federal.
Graça para a paróquia-basílica-santuário de Nazaré. Pároco primeiramente de 1972-78, coube-lhe a tarefa de aperfeiçoar o projeto pastoral idealizado por seu predecessor, o também missionário barnabita Padre e depois Bispo, Miguel M. Giambelli.
Foi sua iniciativa trazer para Belém o Encontro de Casais com Cristo (ECC) e as Equipes de Nossa Senhora. Também dinamizou a Diretoria da Festa de Nazaré, fundou a pioneira Guarda de Nossa Senhora de Nazaré, introduziu as Peregrinações de Nossa Senhora de Nazaré em preparação ao Círio, como farto momento de evangelização, e o Terço da Alvorada.
Homem de coração sensível e espírito aberto, ao longo daqueles anos e ainda hoje, Pe. Giovanni tem facilitado a aproximação dos fiéis a Cristo e à sua Igreja, especialmente os casais, fazendo desta “Casa de Nazaré”, onde até hoje serve, a casa da Pastoral Familiar com seus múltiplos desdobramentos.
O dinamismo missionário do nosso Padre é tanto que, embora sob preceito de santa obediência, exerceu ainda e com energia o encargo de Pároco de Nazaré dos 84 aos 87 anos de idade (2016-2019).
Sempre e mais ainda agora, mesmo na ancianidade e com outras funções, dedica horas incontáveis no atendimento às santas Confissões, porque – filho legítimo de Santo Antônio Maria Zaccaria – crê no amor misericordioso de Deus manifestado em seu filho Jesus, Redentor do homem e da mulher.
Por todo tempo admiramos a sua intensa vida de oração e comunhão com a Santíssima Trindade, nas celebrações na igreja e nos momentos de meditação, preces e recitação da Liturgia das Horas em casa, na comunidade dos Religiosos. Temos visto e somos edificados com o testemunho de sua fidelidade a Cristo, à Igreja, ao Povo de Deus.
Somos contagiados pelo imenso amor que ele sempre nutriu para com a Virgem Maria, Mãe do Senhor e da Humanidade. Por tudo isso, o nosso Padre refulge como um ser humano prestigioso, sacerdote exemplar respeitado na Igreja e na sociedade – como todos podemos testemunhar.
Sobrevivendo, incólume, à implacável pandemia sem ser atingido por uma coriza sequer, alcançando agora 90 anos, brindemos juntos: vida longa ao caríssimo Padre Giovanni!!!
Fotos: Ascom Basílica Santuário de Nazaré / Ricardo Amanajás