Quaresma: Tempo de conversão

Deus nos convida para um tempo de reflexão e renovação espiritual.

A Igreja Católica celebra a Quaresma, tempo litúrgico marcado pela oração, jejum e caridade, práticas fundamentais para o fortalecimento espiritual, preparando o cristão para a celebração da Páscoa. O período, que iniciou na Quarta-feira de Cinzas, 5 de março, faz referência à ida de Jesus ao deserto da Judéia, localizado ao sul de Israel, onde ficou 40 dias em jejum.

Os fiéis são convidados pela Igreja a percorrer o caminho de Cristo no deserto, preparando-se espiritualmente para vivenciar o momento do Tríduo Pascal, que são os três dias da Semana Santa que correspondem a Paixão, Morte e Ressureição de Cristo.

Embora seja um tempo penitencial, você já se perguntou quando surgiu a Quaresma? E o significado do nome? Por que o uso o roxo nas vestes litúrgicas neste período? Acompanhe estas e outras curiosidades na leitura abaixo.

Foto: Karol Coelho – ASCOM Basílica de Nazaré

A Quaresma e sua origem.

A Quaresma, do latim quadragésima, que significa “quarenta dias”, começou nos primeiros séculos do Cristianismo, cerca de trezentos anos após a morte de Cristo. Os cristãos começavam a preparar-se para a Festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Sim! Apenas três dias e, por volta do ano 325, no Primeiro Concílio de Niceia, a Igreja Católica aumentou o tempo de preparação para o que conhecemos hoje – 40 dias, inspirado no tempo que Jesus passou no deserto. (Mt 4:1-11)

Inicialmente, era um período de formação intensa para que os catecúmenos recebessem o sacramento do Batismo no Sábado Santo, durante a Solenidade da Vigília Pascal. Acompanhavam também os fiéis que tinham cometido pecados graves para retornarem à fé, para a comunidade Cristã, por meio da oração, jejuns intensos e a escuta da Palavra de Deus: “Jesus chama ao arrependimento e à fé no Evangelho” (Mc 1, 15).

Com o passar dos séculos, a estrutura litúrgica da Quaresma foi se desenvolvendo até o que conhecemos hoje. No século IV a prática do jejum de quarenta dias já estava difundida entre os cristãos. Foi neste período que a Quarta-feira de Cinzas passou a ser o início oficial do tempo litúrgico.

Foto: Karol Coelho – ASCOM Basílica de Nazaré

O número 40 na Bíblia.

A Bíblia nos apresenta o simbolismo do número 40 como um tempo de preparação e provações. Alguns exemplos são:

  • “Durante 40 dias e 40 noites, as águas do dilúvio cobriram a terra, enquanto Noé e sua família aguardavam a renovação do mundo” (Gn 7,12);
  • “O povo de Israel peregrinou 40 anos no deserto, sendo purificado antes de entrar na Terra Prometida” (Nm 14,33);
  • “Moisés jejuou 40 dias no Sinai antes de receber a Lei” (Ex 34,28);
  • “Elias caminhou esse mesmo período até o Horebe, onde encontrou Deus” (1Rs 19,8).

E no Novo Testamento, Cristo reafirma esse simbolismo ao jejuar 40 dias no deserto, preparando-se para a missão de redenção da humanidade.

Foto: Bárbara Matoso – ASCOM Basílica de Nazaré

Sinal de penitência: o uso da cor roxa na Quaresma

A Igreja Católica, por meio de sua liturgia, expressa sua espiritualidade de acordo com o tempo litúrgico vigente. Na Quaresma, a cor roxa é utilizada para associar o período à penitência e conversão, por isso que os paramentos dos sacerdotes e os adornos do altar são trocados. Além disso, os cânticos do “Glória” e “Aleluia” das celebrações eucarísticas são retirados da liturgia para que se mantenha o espírito de contrição e devoção, criando uma atmosfera jubilosa para que se cante o “Aleluia” no domingo da Ressureição.

Foto: Bárbara Matoso – ASCOM Basílica de Nazaré

Para auxiliar os fiéis nesta caminhada que antecede a Páscoa do Senhor, a Basílica de Nazaré promoverá uma programação especial ao longo deste tempo solene. Acompanhe as transmissões e as últimas notícias pelas redes sociais no Instagram (@basilicadenazaréoficial), Facebook e no portal do Santuário da Rainha da Amazônia: www.basilicadenazare.com.br.

Com informações dos portais Vatican News e A12

Texto: Allan Bentes – ASCOM Basílica de Nazaré.