Reflexão do Evangelho – Lucas 9,57-62

Sempre segundo a linguagem figurativa, Lucas fala do caminho que o Adão verdadeiro ensina. O discípulo é aquele que segue confiante o Mestre. Jesus ensina que ele está desprendido de qualquer benefício. O que significa que a única coisa que lhe interessa é o Reino de Deus.

v.59 “Segue-me”. Corresponde ao “eu te seguirei” do v.57. Continua a linguagem figurativa. Jesus ensina o desprendimento até dos sentimentos terrenos para captar melhor os desejos do Pai celeste e trabalhar com entusiasmo para o Reino.

v.61 “eu te seguirei”. É sempre a linguagem figurativa que aponta para o caminho que Jesus está percorrendo.

v.62 revela que há um rígido critério de seleção por parte de Deus: não está apto para o Reino de Deus quem olha para trás. Estamos diante de um Deus que veio no dia da sua visita e que ensina ao homem, tendo-se ele mesmo feito homem para instruí-lo com aquilo que é dele.

Notamos que os gêneros literários se acumulam. Com a linguagem simbólica, temos a forma proverbial segundo a qual Jesus se pronuncia, similar àquela das frases: “Se teu olho te escandaliza, arranca-o”, etc. (Mt 18).

A verdadeira maneira de reinar é aquela que Deus ensina na condição de homem: desapego em vista da conquista do Reino, que implica a remissão dos pecados, a santificação, etc.

Jesus se apresenta como um Mestre e Guia seguro. Está profundamente compenetrado com o chamado do Pai para a imolação. Movido pelos seus sentimentos, nos dita o caminho da verdadeira realização. Notamos sua compenetração desde o Batismo no Rio Jordão, quando das tentações no deserto, na sinagoga de Cafarnaum, momento em que liga a sua missão à Profecia.

Há momentos em que descobrimos a causa da sua perfeição moral, quando revela a sua divindade (perdão dos pecados; proclamação de ser o Senhor do sábado, o Esposo; domínio sobre a tempestade, sobre a morte). A sua condição divina dita os ensinamentos morais comprovados pela sua humanidade que os implementa, primeiramente.

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).