2º domingo da Quaresma Ano C
Lc 9,28b-36 – Transfiguração do Senhor
A Transfiguração nos lembra aquilo que meditaremos no dia da ressurreição de Jesus. Ela nos mostra a sua condição definitiva de “Filho constituído com poder, Senhor da Igreja, em Espírito de santidade (Rm 1,4). Nós somos o novo Israel que tem como cabeça o Filho de Deus que se manifestou na carne. A condição divina de Jesus é o centro da nossa fé. Ele se revelou como um filho de homem nascido de mulher (Gl 4,4).
Na Transfiguração vemos explicitadas as prerrogativas do Senhor ressuscitado. Lemos em Lc 24 que Jesus comunicou o Espírito Santo para que os Apóstolos tivessem a compreensão da sua condição gloriosa e do sentido da sua morte. Atentos aos seus ensinamentos, devemos advertir com que sentido Mateus nos lembra a ressurreição do Senhor. Fala de um terremoto que remove a pedra do sepulcro e de Jesus que se apresenta com o rosto luminoso como o sol e com vestes resplandecentes. Pela linguagem apocalíptica, temos explicitada, em linguagem antropomórfica, a condição do “justo que não podia conhecer a corrupção”.
Os apóstolos tentam, agora, nos explicar a realidade sobrenatural do Senhor ressuscitado, utilizando as Escrituras que compreendem pelo espírito de entendimento. A BJ nos lembra que devemos ter presentes Ex 24 e 34 que falam de Moisés que se aproxima de Iahweh. A Bíblia do peregrino, também, explica a Transfiguração enquanto nos remete a Ex 24 para ilustrar a linguagem de Mateus. Os Apóstolos querem nos dizer que devemos escutar Jesus. Eles não estavam escutando os ensinamentos do seu Mestre e Guia no momento em que se dava a Transfiguração. De fato, não aceitavam o anúncio da sua morte. Jesus chega a repreender Pedro porque se tornara, para Ele, pedra de escândalo.
Para ser discípulo de Jesus, o cristão tem que saber perder a sua vida. Jesus transfigurado tem que ser escutado como Luz do mundo. Se não chegarmos a crer que o Filho do Homem elevado da terra é o “Eu sou”, morreremos nos nossos pecados (Jo 8). Podemos ter a vida se ouvimos Jesus que nos ensina. O ensinamento da Transfiguração é aquele de reconhecer nele o Messias que nos anuncia a sua imolação. Jesus é o verdadeiro Adão que nos fala como Cabeça da Igreja. Nesta condição ele, em tudo igual a nós, é aquele que pela Transfiguração conhecemos na condição de “Primogênito dos mortos”. Ele nos dignifica pelo esplendor da sua vida divina, enquanto somos membros do seu corpo. Jesus supera em esplendor Moisés e reflete, pela ação do Espírito, a glória divina que o Espírito quer desenvolver em nós pelos seus dons.
Devemos aprofundar a nossa compreensão dos mistérios da nossa redenção, através do Espírito Santo que nos envolve como uma nuvem, particularmente, tomando conhecimento da condição divina de Jesus, para termos uma motivação válida para viver a nossa santificação.
Texto: Ferdinando Maria Capra