Terceiro domingo da Quaresma – Ano C

Lucas 13,1-9

Enquanto os homens criam crenças religiosas descabidas, Jesus orienta-nos com ensinamentos verdadeiros, diante de mortes trágicas. Temos que estar preparados para não nos tornarmos vítimas do castigo divino, porque, então, conforme aquilo que as desgraças simbolizam, seria a nossa morte eterna. A metáfora da figueira (vv. 6-9) indica o que Deus espera de nós. Com o fim do terceiro ano, esgotada a paciência de Deus, será o momento da nossa glorificação ou da nossa condenação. O machado está posto à raiz. Não podemos abusar da misericórdia divina. A vida de jejum e oração, e a condição gloriosa da Transfiguração (1º e 2º domingo da Quaresma) indicam-nos o Caminho daquele que se proclamou “Verdade e Vida”, para sermos reconhecidos por Jesus como seus verdadeiros discípulos. Escutemos, portanto, o nosso Mestre e Guia que nos exorta à conversão, porque o Reino de Deus chegou até nós.

O Ano Litúrgico, independentemente do evangelista que estamos lendo, sempre se abre com a grave advertência de Jesus, de vivermos na vigilância porque, “na hora em que menos pensardes, o Filho do Homem virá”. Por essas palavras do nosso “Mestre e Guia”, logo compreendemos que devemos considerar o momento da nossa morte o fim da nossa história neste mundo. Comparecendo, então, diante do tribunal de Cristo, receberemos a sentença da nossa condenação ou da nossa glorificação. Por esse motivo, Jesus, hoje, se preocupa em corrigir o nosso pensamento. Não devemos interpretar os acontecimentos trágicos como um castigo que Deus inflige através de um massacre ou de um desmoronamento repentino de encostas de morros ou de prédios. Devemos reconhecer no tsunami que chegou a matar, de repente, trezentas mil pessoas, um claro sinal, a ponto de entendermos a gravidade do julgamento definitivo, que dar-se-á com a nossa morte, se o Filho do Homem nos condenar por sermos servos maus.

Por isso, Jesus, na segunda parte do evangelho de hoje, nos fala de um Deus paciente e misericordioso, que nos concede o tempo necessário para produzirmos frutos que provem que somos árvores boas. O reconhecimento da bondade de Deus não pode, todavia, fazer com que nos acomodemos, porque, “o machado está posto na raiz”, como já ensinava João Batista, na condição de precursor do Senhor. Terríveis são as palavras de Jesus, quando ilustra a advertência de João Batista, nos dizendo: “Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. Comiam e bebiam… Então veio o dilúvio que os fez perecer a todos” (Lc 17,26s).

Os 40 dias de Jesus, no deserto, nos ensinaram o caminho da nossa santificação. Atenção, portanto, a não endurecermos o nosso coração ao longo dos anos de vida que Deus nos concede. A Transfiguração nos mostrou a glorificação que Jesus mereceu por ter vivido na oração, que o tornou capaz de viver a sua imolação de Cruz. Vivamos, promovendo a nossa fé, para que, como ramos da “Verdadeira Videira” (Jo 15,1), glorifiquemos o nosso Pai, produzindo muitos frutos.

Texto: Padre Ferdinando Maria Capra