Reflexão do Evangelho – Lucas 5,33-39

Jesus é Iahweh que, pela Encarnação, manifesta todo o seu amor que, desta vez, acolhe a humanidade, não porque purificada por um castigo, como aconteceu a Israel depois do exílio de Babilônia, e sim, porque movido pela compaixão do seu coração divino (Lc 1,78). O amor do coração do nosso Deus terá a sua suprema manifestação na Cruz, onde aparecerá como o Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Enquanto, todavia, caminha para a Cruz, todos os seus gestos, pregação, expulsão dos demônios, cura dos doentes, vocação dos Apóstolos, instituição da Eucaristia, etc., querem ser uma antecipação e figura do amor esponsal que, enfim, manifestará. Como esposo o anuncia João Batista aos seus discípulos (Jo 3,29). O próprio Jesus assume essa imagem quando declara: “Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo está com eles? (Lc 5,34). São Paulo não tem dúvidas em ver, na morte de Cristo, as suas núpcias com a Igreja (Ef 5,25-27). Enfim, João retrata o triunfo dos mártires pela figura das núpcias do Cordeiro com a Igreja (Ap 19,7). Por esse quadro final, os esponsais que Iahweh quer celebrar com a humanidade assumem toda a sua significação. Desde a criação, Deus chama o homem à participação da sua vida. Por isso, sua ação amorosa não tem limites, enquanto espera uma resposta amorosa por parte dos homens.

Padre Ferdinando Maria Capra pertence à Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas) e serve no Rio de Janeiro (RJ).